28 de fev. de 2020

Sem título

Eu procurei uma caneta
Acabei encontrando um lápis 6B
Velho, pequeno
Com traços que não cabem mais nele
Ou em mim 
Era pra ter escrito 
Que esse rapaz veio 
E me trouxe uma bomba 

Doce
Queima
Explode 

27 de jun. de 2018

Sem título

Abraçou o seu rancor como quem faz amor na lua
E tinha doçura nos olhos mesmo assim
Fazia seu café numa xícara que servia apenas si mesmo
A voz tinha a medida de graves que faz a pele arrepiar toda vez que chega suave perto da orelha
Mas abraçou seu rancor

30 de out. de 2016

Sem título

Mesmo descrente,
a gente entende os que acreditam em destino
Às vezes só sua voz me envolve
Só seus braços me trazem paz
Seu sussurro é meu guia

15 de ago. de 2016

Sem título

O que foi costurado na carne,
Por dentro
Nem sempre se nota
Mas está sempre lá
O tempo inteiro

E às vezes não se percebe
Mas essa costura
Que no início parecia um machucado
É o que te sustenta
Até quando você esquece
Do que estava

3 de nov. de 2015

Eco

O abismo tem olhos e boca
E quando você olha
Ele não apenas te olha de volta
Ele grita
E você sabe disso
Porque não olha para ver
O seu olhar é para ouvir
E mesmo que haja medo em alguns momentos
Você vai atrás do eco

É pelo eco que volta e meia se vai à beira do abismo
É pelo sentimento que aquela voz desperta
É pela esperança motivadora daquelas palavras sendo repetidas
É pelo masoquismo de sentir aquele som esgarçando
qualquer sentimento que bata no seu peito
e te faça experimentar o prazer e a dor da vida pulsando em você

Olhe para o abismo sempre que for preciso
Olhe para refletir
Pra sorrir, chorar, gozar, sofrer ou amar
Olhe para lembrar como é estar na beira do abismo
e não cair

14 de abr. de 2015

Sem título

Corria por correr
Mas corria porque acreditava

Corria sem mapas
Sem correr atrás de ninguém

Corria sem ligar para cronômetros
Às vezes nem a direção importava

Corria, cansava
Continuou sua jornada

3 de fev. de 2015

Sem título

Penso
Em todo esse tempo

Dias achados e perdidos
Rascunhos do que somos

Outros dias, outros rascunhos

Hoje o tempo está a nosso favor

8 de dez. de 2014

Sem título

E foi assim que os livros
Fizeram sentido
Todas as letras
Se uniram para te chamar
Todas as palavras diziam teu nome
O Sol nasce e se põe
no castanho desses olhos

30 de nov. de 2014

Sem título

Quando voltei à rua em que na infância eu brincava
já não havia mais borboletas para se correr atrás
os muros baixos tinham dado lugar a altos prédios e cercas elétricas
os chão de areia que se transformava em diferentes tipos de quadra
havia sido tragado por um asfalto que parecia não gostar de brincar de nada

7 de ago. de 2014

Cidade

Aos que pulam das pedras
sedentos desse teu azul
Aos que fogem das pedras
por medo da exposição das fraquezas
Aos que procuram as pedras
por fome ou desamparo

És mão
que lhes afaga e espanca

22 de jun. de 2014

Menino

menino, eu te tatuei no meu abraço
e cada beijo seu é um piercing nos meus lábios
tá tão impregnado assim
te quero quase sempre aqui
eu sei q desafino, mas não tem pq esconder





Obs.: para um breve momento de vergonha alheia, ouça por sua conta e risco (traumas e pesadelos. sério. sincronização é pros fracos.): ↓

10 de mai. de 2014

Sem título

Eu já nem sempre percebo quando a maré sobe
E às vezes bate o assombro
de não ter me dado conta do poder do mar
O mesmo assombro das manhãs
em que as paredes gritam seu nome
e eu me pego não sei se em desespero ou em encanto

28 de abr. de 2014

Estribilho

Segura minha mão
Quando passar pelos caminhos dos meus medos
E abraça forte e me envolve
Porque o vento do inverno começa a chegar
E sorri porque o imperativo dos poros
Não precisa de explicação
Os dias se tornaram mais bonitos

20 de abr. de 2014

Dias

Há dias te quero nos meus rabiscos
e sonhos com meus dedos desenhando em tuas costas

12 de abr. de 2014

Sem título

As coisas bonitas que
se perderam nos intervalos do tempo
se encontraram nos teus braços perdidos